Hoje celebramos o Vigésimo Domingo do Tempo Comum. A Liturgia da Palavra deste dia continua a enfocar o tema da Eucaristia: Jesus Cristo, o pão vivo descido do céu. Para conhecê-lo e recebê-lo, é necessário o dom da sabedoria e discernimento; é também fundamental abandonar toda a insensatez e abraçar o convite, que é dignamente feito pelo Senhor, para participar do banquete e da vida eterna.
A primeira leitura (Provérbios 9,1-6) fala de Deus de forma poética e agradável, apresentando-nos uma parábola sobre um banquete preparado pela “Senhora Sabedoria”, destinado, primeiramente, ao povo simples: os pobres, os pequenos, os humildes, que não vivem na autossuficiência e têm sempre o coração aberto a Deus e às suas propostas. Em seguida, o convite é estendido aos insensatos que desejam seguir o caminho da prudência, aqueles que não se conformam com a sua fragilidade e debilidade e estão dispostos a fazer um esforço para reformular as suas vidas. No texto, a Sabedoria é conotada como uma mulher importante, amorosa e ativa, que construiu uma casa perfeita, acolhedora e cheia de felicidade. Após a preparação do banquete, as servas saem às ruas e vão ao encontro de todos os que são humildes e inexperientes, para que possam se deliciar com o alimento da vida. Para tal, é preciso largar toda a insensatez, ingenuidade e ilusões, seguir o caminho da prudência, acolher a sabedoria de Deus e construir a nossa vida à luz das propostas divinas.
Na mesma linha de compreensão, a segunda leitura (Ef 5,15-20) mostra o apóstolo Paulo a pedir-nos, cristãos, que prestemos muita atenção para que não caiamos na tolice e não sejamos arrastados pelos vícios que prometem felicidade passageira e dificultam a compreensão da vontade do Senhor. Sejamos inteligentes, aproveitando a vida e o tempo, louvando e dando graças ao Senhor. Quando encontramos Cristo, encontramos a verdadeira sabedoria. Ele ensina-nos a viver de uma forma nova e sutil, mais livre, mais humana e mais feliz. A vida é muito curta para ser desperdiçada com coisas fúteis e que não edificam em nada. É verdade que os tempos não são favoráveis, especialmente no nosso contexto provincial ou diocesano, devido aos conflitos armados, mas isso não deve ser razão para perdermos a cabeça e optarmos por caminhos de insensatez e ingenuidade, virando as costas à Sabedoria ou ao Senhor. O cristão, mesmo em situações difíceis e complicadas, deve manter-se fiel à verdade, testemunhar aquilo em que acredita e viver em união com o Senhor.
Para que isto seja concretizado, temos que nos alimentar do pão descido do céu, que o Evangelho de hoje destaca (Jo 6,51-58). Ele é o alimento corporal e espiritual, ou seja, devemos manter-nos em comunhão com Cristo e aproximar-nos d’Ele. Assim, dissiparemos as trevas da insensatez e as tolices das nossas vidas. Comungar o Corpo e o Sangue de Cristo é, verdadeiramente, aderir a um compromisso profundo de justiça, caridade, comunhão e paz. É insignificante comungar e continuar na mesmice e nas atitudes do homem velho. O convite insistente de Jesus a comungar o seu corpo e sangue tem um precedente no convite da Sabedoria para o banquete, tal como descrito na primeira leitura.
Mensagem Agradecemos a Deus pelo dom da sabedoria que nos concede e pela Irmã Esperança Atanásio Soda, que emitirá os seus votos perpétuos. Rezemos para que o Senhor lhe conceda sabedoria e inteligência, de modo que, mediante o seu “sim” definitivo, ela doe a sua vida ao serviço da Igreja e dos humildes que almejam alcançar o Reino de Deus. Amém.
Pe. Armindo Paróco do S. Agostinho, Vigario Episcopal da Vigararia leste |
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